quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Crise e Crime

Na rua escura, do bairro perigoso e pouco movimentado, ele vinha andando a caça de uma vítima. Observou o vulto que se aproximava lentamente, beirando os muros sujos. A abordagem foi rápida:

- Perdeu, passa tudo!

- Como assim?

- Ora, como assim? Estou te assaltando, otário.

- Está cometendo um erro.

- Erro? Quer morrer, idiota?

- Eu sou o estuprador do bairro. Estou aqui trabalhando também.

- Ah, puts. Ta ruim o movimento, né?

- Muito. A mídia estragou o negócio.

- Pois é. Roubava relógios, carteiras. Agora to sem grana pra nada. Não como a dois dias.

- E eu que como as vítimas, tá foda.

- Bom, tem um trocado aí?

- Desculpa, não. Tá afim de transar?

- Foi mal, não curto. Respeito, mas não curto.

- Ok, então, passar bem.

- Igualmente.

E saíram, em direções opostas, mas com o mesmo pensamento: bons tempos quando o bairro perigoso ainda não era tão perigoso.

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